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Irrigação e manejo varietal são as soluções para o Nordeste

Durante o 5º Grande Encontro Sobre Variedades de Cana-de-Açúcar, que o Grupo IDEA realizou nos dias 21 e 22 de setembro, no Centro de Cana do IAC em Ribeirão Preto, o pesquisador Antônio Rosário (PMGCA/UFAL/Ridesa) falou das importantes atitudes realizadas na região Nordeste, entre elas acreditar e valorizar os programas locais, bem como investir em recursos humanos – “a maior riqueza dos programas de melhoramento”, segundo Rosário. Outro fator de grande importância salientado pelo pesquisador é redistribuição de fases e pesquisas. “A produção de cana em Alagoas, representa 10% da safra nacional, perto do Estado de São Paulo responsável por 60%, nossa participação é pequena, mas desenvolvemos 10 fases de pesquisas”, disse.

A região Nordeste conta com duas estações de Floração e Cruzamento de cana, uma em Serra do Ouro, em Alagoas e a outra em Devaneio, Pernambuco. “Já conseguimos mais de 90% em termos de cruzamentos natural e estamos direcionando todos nossos cruzamentos para estes ambientes de produção. Trabalhamos em diversas situações, inclusive cana para irrigação plena, para condição de sequeira, encosta, etc”, explicou.  Rosario observou que a cana-de-açúcar na região Nordeste do Brasil tem uma produção de pouco mais de 60 milhões de toneladas por safra, em 1,2 milhão de hectares de área cultivada nos Estados de AL, PE, PB, RN, BA, SE, PI e MA. A produtividade se resume em dois aspectos: quando há déficit hídrico, apresenta 55 toneladas por hectare. Quando não tem déficit hídrico, 80 toneladas por hectare.  A média d produção na safra 2010/11(de setembro a fevereiro) foi de 72 toneladas por hectare.

Irrigação e variedades – para manter uma lavoura canavieira no NE, a solução é irrigação e manejo varietal, alertou Rosário, segundo ele, o custo da irrigação é alto. “Efetivamente, só compensa fazer um alto investimento se tiver variedades responsivas para estes ambientes. Se o produtor pensar que, qualquer variedade trará solução ao receber a irrigação, esquece. E esta irrigação deve ser feita através de barragens para armazenamento de água com iniciativa privada e recursos próprios”, alertou.

Das variedades cultivadas na última safra no Estado de Alagoas, 60% representa as variedades RB e, praticamente, 30% das variedades são SP. O censo de moagem de Alagoas, na safra 2010/11, se resume em: quase 30% são da RB 92579; 16,80% da SP79-1011; 14,24% da RB867515; 9,36% da SP81-3250, entre outras que estão sendo multiplicadas dentro do Estado de Alagoas.  O pesquisador deu como exemplo a Usina Santo Antonio, AL, que conseguiu a maior produtividade do Estado – 92 toneladas por hectare em uma área de 20 mil hectares. “Nesta Usina não existe irrigação, ou seja, o ano foi bom, com manejo e com variedades que têm dado bom resultado. Do tipo RB 92579, SP79-1011, RB 951541, RB 98710, entre outras.”

A Usina Coruripe, AL, o maior grupo do Nordeste, outro exemplo citado por Rosário, apresenta censo de moagem de quase 30% da variedade RB 92579; 20,67% da RB867515; 23,53% da RB 93509; 10,07% da SP79-1011; 0,50% da RB 98710; entre outras. Praticamente, as três primeiras variedades respondem por quase 80% da área cultivada e dessas quatro primeiras variedades, três delas pertencem ao campo da região onde foi feito cruzamento.

Das sete novas variedades RB liberadas, cinco foram desenvolvidas em Alagoas. Sendo elas: RB 931003, RB 931011, RB 937570, RB 951541, RB 962962, RB 98710 e RB 99395. Já os clones promissores são: RB 3047, RB 991536, RB 011518 e RB 961003.

Características varietais de cana valem dinheiro

Florescimento, tombamento e produtividade de maturação relacionada ao ambiente de produção são características fundamentais na hora da seleção das variedades de cana

Mais de 300 profissionais ligados ao setor sucroenergético, provenientes de 12 Estados brasileiros e de países como Argentina e Peru, prestigiaram o 5º Grande Encontro de Variedades de Cana-de-Açúcar, promovido pelo Grupo IDEA em parceria com a Hóros Eventos, e realizado no Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em Ribeirão Preto. Os participantes tiveram a oportunidade de presenciar a apresentação e o debate não apenas sobre novidades em programas de melhoramento de cana, mas também de temas relacionados à produção e que mexem no bolso dos produtores. 

Um deles foi apresentado por Dib Nunes, presidente do IDEA, que falou sobre Características varietais que valem muito dinheiro.  “A nossa intenção é falar sobre assuntos que tocam fundo o coração do usineiro – a grana – , e também ajudá-los ao apresentar ferramentas para decidirem sobre qual variedade usar diante dessa quantidade enorme de variedades que temos, ou seja, quais variedades vão servir e como avaliar as melhores variedades”, disse Dib, explicando analisou algumas características varietais consideradas importantes, principalmente, em um ano complicado como este. “Chamamos de características varietais que representam muito dinheiro”, salientou. As características escolhidas foram: florescimento, tombamento e a produtividade de maturação relacionada ao ambiente de produção.

O consultor salientou que todas as análises foram consideradas algumas premissas do tipo 100% de colheita mecanizada, 100% de transporte com Rodotrem e produtividade de cinco cortes.  E para compor a área agroindustrial, como base de cálculo considerou como valor de 1 saca de açúcar, equivalente a R$ 65,00.  Segundo Dib, o florescimento traz perdas na densidade de carga e no volume de caldo. “Dos últimos 20 anos, este foi o ano mais intenso em florescimento. E muitas variedades que normalmente não florescem, floresceram e isoporizaram.” Dib mostrou como uma cana normal e uma cana isoporizada, proveniente de florescimento, se comportam, considerando o custo do quilômetro rodado com rodotrem a uma distância de 30 quilômetros.

“Para uma cana normal com densidade de 430 quilos por m³, sendo o rodotrem com 81m³, a densidade seria de 34,8 por compartimento e o peso total de 69,7 toneladas por viagem. Já a cana isoporizada traria uma densidade menor, ou seja, 29 por compartimento e 58 toneladas. Portanto, 11,4 toneladas a menos por viagem normal”, calculou Dib, justificando que esta diferença de 19%, ao ser transformada em reais, resulta em R$ 3,51 para cana normal contra R$ 4,20 para cana com isopor; diferença de R$ 0,69 a mais por tonelada de cana transportada. “Esses são números reais desta safra. Uma diferença de R$ 0,69 a mais por tonelada de cana transportada, além de maior necessidade de caminhões. Parece pouco, mas imagine uma usina que mói dois milhões de toneladas de cana, o prejuízo que isso representa”, observou. 

Redução do volume do caldo – outro problema que mexe no bolso do empresário e que talvez seja o mais grave e significativo, segundo Dib, é a redução do volume de caldo, ou seja, parte mais afetada nas variedades que florescem. Em uma cana normal se produz 880 litros por tonelada de cana. E uma cana com isopor, 704 litros, ou seja, uma diferença de 176 litros de caldo.

“Em uma moagem de 10 mil toneladas por dia, em usinas que tiveram quase 100% dos canaviais com florescimento, é possível moer as mesmas 10 mil toneladas, entretanto, quando a cana é analisada, nota-se que há o mesmo teor de sacarose de uma cana não isoporizada, só que a problema da falta de caldo representa uma perda no processamento industrial, ou seja, um resultado menor para cada 10 mil toneladas de quase 5.400 sacos de açúcar por conta de 176 litros a menos por tonelada de cana. Prejuízo de R$ 355 mil por dia”, ressaltou Dib.

Tombamento – segundo levantamento do IDEA, quando a cana tomba, em média, perde-se 12% na densidade de carga, quatro toneladas por hectare na colheita e uma média de cinco quilos de ATR a menos devido às impurezas. “Na colheita mecanizada é pior ainda, porque cana que tomba não é despontada”, comentou Dib. Segundo ele, a cana limpa que produz 110 toneladas por hectare, e que cada viagem transporta 69 toneladas, são necessárias 1,58 viagens para esgotar um hectare, o que custaria R$ 358,00 por hectare. Já a cana com palha, ou a cana tombada que tem mais palha, tem menos densidade de carga, faz 61 toneladas por viagem e precisaria de 1,74 de viagens a mais, e gastaria R$ 439,00 para trazer um hectare de cana na produção de 110 toneladas. Uma diferença de R$ 52,00 por hectare. Ou seja, cana que tomba representa R$ 52,00 a menos no bolso do patrão. “Portanto, é elogiável o trabalho de programas de melhoramento que, finalmente, estão procurando as variedades de cana que não tombam.”

Para o consultor, qualquer migalha que se consegue recolher por manejo varietal traz resultado positivo no final. “Precisamos olhar para estes detalhes e isso as variedades nos proporcionam”, alertou. No tombamento também há perdas visíveis. Perde-se quatro toneladas de cana em diversas partes da máquina, contra uma cana de porte ereta. Isso representa mais R$ 260,00 por hectare. Outro fator de perda causado pelo tombamento é o ATR. Perda de cinco quilos por tonelada de cana, dependendo da época do ano. “Isso é normal, pois quanto mais impurezas, menor é o teor de sacarose registrado”, esclareceu Dib. Fazendo as contas, representa uma perda de R$ 272,00 por hectare. Nota-se que depois que entrou a colheita mecanizada o teor de sacarose abaixou. O total de perdas devido ao tombamento é de R$ 585,00 por hectare.

O IDEA fez uma escala de variedades de cana que tombam mais e outras que tombam menos e concluiu que as variedades que menos tombam são: RB 85-5453 e IACSP 95-5000, IAC 91-1099 e a IACSP 93-3046. A CTC 2, CTC 11, CTC 16, CTC 17, RB 92-579, RB 92-5211 e a RB 93-5744 são as que menos tombam, que menos perdem, portanto, nesse aspecto trazem lucro.

Característica velocidade de crescimento – Dib salientou que variedades de crescimento lento não devem ser cortadas nos últimos meses. O consultor fez os seguintes questionamentos ao público: Qual a variedade mais vantajosa em um ambiente favorável? Seria interessante plantar uma variedade rica e menos produtiva ou uma variedade mais pobre e muito produtiva?

Em seguida respondeu: “Na ótica agrícola, a preços atuais na posição de fornecedor de cana, a variedade mais pobre apresenta menos sacarose (rústica), ou seja, tem melhor resultado. Já na fase agroindustrial, considerando o custo da cana, custo industrial e custo de administração, a cana mais rica é mais interessante nas três épocas do ano para esses preços de hoje. Tem que saber o limite de se plantar uma variedade pobre e o limite de se plantar uma variedade mais rica”, disse.

Ao final, o consultor salientou que cana ereta, cana sem florescimento e cana rica devem ser premissas indispensáveis na seleção de variedades de cana.  E que as 10 toneladas a mais não foram suficientes para cobrir os custos de industrialização. A cana com 10 quilos a mais de ATR foi mais vantajosa em todas as épocas do ano, tanto em ambiente favorável quanto em ambiente desfavorável. 

Entrevista de Dib Nunes Jr. para a revista IDEANews – 13/09/11

Este ano houve um erro de estimativa da safra. Você sabe de quanto foi este erro e quais foram as variáveis que concorreram para este fato? 

O erro se deu devido à falta de pesquisas diretas e à falta de acompanhamento das lavouras. Provavelmente esta estimativa foi feita com base em dados históricos e na área cultivada com cana. O erro passa de 70 milhões de toneladas. Ocorreram alguns fatos que contribuíram, desde o ano passado, para a perda de produtividade: a extensa seca do ano passado, os canaviais envelhecidos e não renovados por falta de recursos, o rescaldo da safra de 2009 realizada sob alta umidade que deixou canaviais pisoteados, com brotação de soqueira muito falhada. No centro-sul há  mais de 35% de áreas de fornecedores de cana que sofreram com a crise de preços e também não fizeram tratos culturais adequadamente. Teve também o engodo da cana bis que se esgotou em 2010.  Quando chegou 2011, as soqueiras destes canaviais brotaram muito mal devido à seca, além do  envelhecimento dos canaviais. Tudo isso  ajudou a quebrar a produção.

Como está a qualidade da muda para este plantio? Com a geada e o florescimento, as mudas nas regiões mais afetadas por estes fenômenos não terão quantidade e qualidade suficiente para atenderem a demanda projetada pelas usinas?

Sim, é verdadeiro e isso leva a uma piora no quadro de qualidade dos canaviais, pois as usinas e os produtores deverão plantar qualquer tipo de cana de 3º ou 4º cortes sem tratamento e sem vigor. Qualquer variedade servirá para atender o plantio desde que esteja sem gema morta ou brotada. Isto certamente se refletirá no futuro com quebra de produtividade destes canaviais que estarão repletos de pragas e doenças. A geada também vai ajudar à falta de mudas para o próximo ano, pois os canaviais a serem plantados no ano que vem também deverão enfrentar a falta de mudas sadias e variedades adequadas. A situação anterior se repetirá num ciclo vicioso.

O que poderá ser feito para os números serem mais assertivos para as próximas safras? Se é que houve um erro de estimativa significativo na sua percepção.

Primeiro, os levantamentos devem ser realizados por empresas especializadas como o GRUPO IDEA, por exemplo, que tem tradição na realização destas  pesquisas e pode avaliar como está o desenvolvimento dos canaviais. A verdade é que ninguém quer investir nisso e fazem as coisas em seus escritórios, por e-mail e telefone de forma subjetiva. Não são pesquisas, são consultas.

Segundo, os órgãos oficiais  e as entidades de classe ou centros de pesquisas ligados a eles não devem ser portadores de estimativas de safra, pois, por melhor que façam, os players sempre colocarão seus resultados em dúvida.

Acho que o ideal seria contratar empresas especializadas para tanto. Terceiro, a situação não deve melhorar, pois agora a ANP deve solicitar dados de safra para realizar este acompanhamento. Não sei se receberão dados corretos.

Nos últimos anos, quanto as usinas deixaram de investir nos canaviais?

O dinheiro que entrou no Brasil foi para transferência de controle acionário e não para novos projetos. Esta tendência continua, pois tem muitas usinas em processo de venda ou transferência de parte de suas ações. Os fornecedores estão em situação  muito pior, não investiram praticamente nada nos últimos três anos. Há uma defasagem de reforma de canaviais em torno de 30% a 40%.

 E neste ano? As usinas voltarão a investir pesado em tratos culturais, renovação e até mesmo expansão?

A expansão nas regiões tradicionais está proibitiva, pois os preços dos arrendamentos subiram à estratosfera. A este fato deve ser acrescido o esgotamento de áreas para expansão.

Todos estão investindo mais em tratos culturais na esperança de recuperar a produtividade agrícola. Isto ajuda um pouco mais não resolve, pois canaviais velhos, falhados, pisoteados, cheios de pragas e doenças não respondem bem. O  ideal é reformar estas áreas. A renovação vai implicar em menor oferta de cana para o próximo ano, muito embora o plantio de cana de inverno e de ano deve ser um dos maiores da história, pois a falta de cana, etanol e açúcar promete bons preços para o próximo ano e isso está estimulando novos plantios, principalmente em áreas de reforma.

Em quanto estes investimentos devem aumentar?

Em quatro anos precisamos investir 40 bilhões no setor em formação de novos canaviais e criação de novas usinas. Caso isto não ocorra, perderemos grande oportunidade e também uma fatia do mercado interno de combustível já conquistado.

Acho que haverá uma acomodação em níveis um pouco mais abaixo do que as projeções otimistas divulgadas. Isto deverá  ocorrer  em curto prazo e estimulará um crescimento mais sustentado da produção de cana e da oferta de etanol. O crescimento desordenado, como ocorreu, gera desequilíbrio no mercado.

O maior problema é que só recuperaremos os mesmos níveis de produção em três anos e, quanto isto acontecer teremos outra crise de preços, pois não temos uma política de controle de estoque e preços. O setor continuará vivendo de soluços com o sobe e desce de preços que acaba estimulando concorrentes em todo o mundo.  Quando sobe o preço do açúcar, os países exportadores investem pesado e a oferta internacional de açúcar sobe e, em consequência o preço volta a cair.

O etanol é um produto exclusivamente de mercado interno e deveria ser tratado com mais atenção pelas usinas que pouco investem nos consumidores finais.

Os clientes das usinas são as distribuidoras. A ÚNICA tem feito alguma coisa, mas ainda é pouco. Os investimentos em promover o etanol  no exterior  foram válidos, mas resultaram em quase nada, pois não crescemos para ofertar o produto. Estamos muito longe disso.

O País precisará produzir muito mais cana até 2020 para atender às demandas de etanol e açúcar. Além do aumento da área plantada, você acredita que em regiões onde há déficit hídrico poderão ter maiores investimentos em irrigação?

SIM.  Esta será a única alternativa para continuar crescendo.

Você acredita que os investimentos que podem vir a acontecer serão feitos através de recursos próprios ou financiamento que a usinas terão de fazer?

Investimentos vem de fora do país.  Aqui dentro poucas usinas têm capacidade para isso a não ser aquelas que receberam aporte de capital estrangeiro. Aqui, o papel do BNDES será muito importante desde que os projetos já aprovados sejam desengavetados. O setor não tem garantias reais para dar e os financiamentos não saem.

Poderemos ter, ao final da safra 2011, um super plantio?

Não. Será um plantio um pouco acima da média histórica, talvez seja plantado algo ao redor de 1,8 milhões de hectares entre reformas e expansão. Durante o período de 2005 e 2008 plantou-se  1,5 milhões de hectares em cada ano safra.

Qual é a tendência com relação ao próximos anos no mix de açúcar e álcool?

Deve voltar ao normal em 2013, ou seja, 43% de açúcar e 57% de etanol, pois o mercado deve se reequilibrar.

E na indústria? Como ocorrerão os investimentos? Como as usinas vão preparar sua área industrial para a cana que virá?

Não creio que será muito elevado, mas devem ocorrer novas ampliações de moagem e de açúcar.  Os grupos e fundos de investimentos ainda estão muito cautelosos tanto para investir como para fazer novos greenfields

Fique a vontade para acrescentar as questões;

O pior do setor é a perda de competitividade, quando os preços recuarem para patamares históricos teremos uma nova crise de investimentos. Em menos de 5 anos será impossível, para um pequeno agricultor, viver da sua produção de cana. Algo precisa ser feito. Talvez o próprio setor se reequilibre como está se reequilibrando agora. Todos falam que pode faltar etanol, mas nós não acreditamos.

A alta dos preços colocou um freio no consumo que se reduziu em 3 bilhões de litros no primeiro semestre. Esta tendência continuará e o mercado fará a sua parte. Os preços devem se manter no atual patamar ou até subir mais um pouco, mas se subir muito sobrará  etanol e faltará gasolina.

Quero deixar aqui mais um alerta: a seca deste ano está sendo tão prejudicial quanto a que ocorreu em 2010. Isto certamente se refletirá na produção de cana da próxima safra, tal e qual ocorreu neste ano.

O adequado manejo varietal para o aumento da produção de cana

A menor oferta de cana-de-açúcar na atual safra faz com que plantar cana e aumentar a produtividade sejam prioridades nas unidades sucroenergéticas. Mas é importante não deixar que essa urgência por matéria-prima faça com que se passe por cima de fases fundamentais do planejamento de plantio, como o manejo varietal.A escolha de variedades de cana adequadas para as condições da usina é importantíssima para a obtenção de resultado positivo. Caso ao contrário, a produtividade ficará abaixo da expectativa e o canavial terá de ser renovado antecipadamente, acarretando prejuízo que poderia ser evitado se a operação tivesse sido pensada.Nos últimos 10 anos, a agroindústria canavieira passa por grandes transformações como: o período de moagem está cada vez mais extenso, começa em março e vai até dezembro; a cultura segue em direção ao Centro-Oeste, regiões que apresentam condições edafoclimáticas diferentes das tradicionais; aumento do corte mecanizado; extinção da queima; adoção do plantio mecanizado.Essas mudanças elevam as exigências em relação às variedades de cana, que além de eretas, ricas e produtivas, deverão brotar muito bem sob palha, tolerar ataques de cigarrinhas das raízes, resistir às doenças, tolerar a seca, responder bem em solos mais fracos e ter maior longevidade, uma vez que um dos maiores custos é o da área de reforma.

O melhoramento genético da cana-de-açúcar é o grande responsável pelos ganhos de produtividade e sacarose obtidos em todo País nas últimas quatro décadas. Nos últimos cinco anos mais de 30 novas variedades foram lançadas em todo Brasil e os primeiros resultados nas áreas comerciais já começaram a surgir.São variedades de cana que apresentam elevada produtividade e concentração de sacarose. Ideais para atender diferentes condições edafoclimáticas e adaptadas à canavicultura moderna, que envolve a colheita mecânica crua. Vendo superficialmente a impressão que se tem é que com tantas boas opções ficou fácil escolher o que plantar.

Mas planejar o manejo varietal é bem mais complexo, incluem várias outras variáveis. Além do uso de variedades geneticamente melhoradas, a máxima produtividade em cana-de-açúcar depende, também, de um correto planejamento de plantio e de adequado manejo das variedades, as quais devem atender a exigências tanto no campo como na indústria, para maximizar lucros.Importantes informações sobre os aspectos que envolvem as variedades de cana, resultando no bom desenvolvimento do segmento sucroenergético, poderão ser obtidas na 5ª edição do Grande Encontro Sobre Variedades de Cana de Açúcar, evento realizado pelo Grupo IDEA nos dias 21 e 22 de setembro de 2011 no Centro de Cana do IAC em Ribeirão Preto.

Para mais informações, acesse:  www.ideaonline.com.br

 Inscrições podem ser feitas pelo site ou pelo telefone (016) 3211-4770 

ANÁLISE CLIMÁTICA E PREVISÕES PARA 2012

Esta é uma safra para se esquecer. Ocorreu de tudo: quebra geral de produtividade, excessivo florescimento, geadas, maturação ruim, antecipação de colheita por falta de cana, lavouras desgastadas e velhas. Mas, apesar disso, ou por causa disso, os preços do açúcar e do etanol se mantiveram elevados desde o inicio do ano, o que, de certa forma, compensou parte das perdas.

Fonte: CTC / Pampa

A região Centro-Sul foi toda afetada por problemas climáticos desde 2010 e se refletiu nas safras das principais regiões produtoras de cana de açúcar. Uma análise dos dados da região de Ribeirão Preto mostra claramente as significativas influências climáticas como a extensa seca de 2010 e o elevado armazenamento de água no solo em 2011, explicam parte da quebra de produtividade e a baixa maturação.

Precipitação e Déficit Hídrico
Ribeirão Preto – Maio a Novembro de 2010

Fonte: CIIAGRO / IAC – elaborado por IDEA

A Análise climática dos déficits hídricos de 2011 indica que, em algumas regiões (Ribeirão Preto, Araçatuba, São José do Rio Preto, Triângulo Mineiro e sul de Goiás), o período seco está se repetindo, mas não sabemos se vai prolongar até  novembro como em 2010.

Déficit e Armazenamento 2010 –    Ribeirão Preto

Fonte: CIIAGRO / IAC – elaborado por IDEA

Déficit e Armazenamento 2011 –    Ribeirão Preto

Fonte: CIIAGRO/ IAC – elaborado por IDEA

As usinas, de modo geral, estão se mobilizando para recuperar a produção perdida, plantando cana de inverno e deverão plantar muita cana de ano. Devido às intensas chuvas do inicio deste ano, pouco se plantou de cana de ano e meio.

Os fornecedores de cana também começam a se mobilizar em busca de financiamentos que podem atingir até um milhão de reais que o plano de safra do governo oferece, sendo que, por este motivo se espera uma maior reforma de canaviais declinantes.

As estimativas de produção de cana para esta safra do Centro-Sul dão conta que a produção não chega a 500 milhões de toneladas ou até mesmo a 490 milhões de toneladas.

Para o próximo ano, a produção deve subir ao redor de 10% com os novos plantios de 2011 e melhoria dos tratos culturais.

Então, pode-se esperar um aumento de40 a50 milhões de toneladas na disponibilidade de matéria prima para 2012 no Centro Sul do Brasil.

O setor deve levar duas ou três safras para recuperar a produtividade histórica. Neste período devemos observar um avanço nas produções de açúcar exportável de outros países e, ao final de 2012, novamente teremos uma nova baixa de preços.

E assim, o setor vai vivendo de soluços, sobe e desce a produção e sobe e descem os preços.

Fonte : Orplana elaborado por IDEA
Fonte: CTC / Pampa

A variedade de cana não muda, o que muda é o ambiente

Hoje, a variedade de cana-de-açúcar mais plantada e mais cultivada no Brasil, é a RB 867515, que foi desenvolvida pelos pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, a segunda, é uma variedade SP desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a terceira é outra variedade RB. “No último censo, que estamos acabando de concluir, das 10 variedades mais plantadas no Brasil, sete são RB, o que demonstra o trabalho das Universidades Federais no desenvolvimento dessas variedades de cana”, diiz o professor Hermann Paulo Hoffmann, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA) da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos – que como a Federal de Viçosa integra a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa) que conta com cerca de 190 pesquisadores trabalham diretamente com a commodity.

Segundo Hoffman, as exigências vão mudando à medida que muda o ambiente. “Geneticamente, a variedade não muda. Se pegarmos uma variedade cultivada há 40 anos, e a compararmos hoje, veremos que é a mesma, no entanto, o ambiente mudou. Nos últimos anos tivemos aumento de colheita mecanizada, eliminação da queima, aumento de palha, maior incidência de pragas. Mudou também as doenças, como a ferrugem alaranjada. Então, à medida que vai mudando o ambiente, a variedade fica inviável de ser cultivada e vai sendo substituída por outra variedade mais adaptada a esse novo ambiente”, explica o professor.

 Para saber quais as variedades de cana que melhor se adaptam aos diferentes ambientes e assim garantir ganhos de produtividade, os profissionais do setor sucroenergéticos não podem perder a 5ª edição do Grande Encontro Sobre Variedades de Cana de Açúcar, realizada pelo Grupo IDEA nos dias 21 e 22 de setembro de 2011 no Centro de Cana do IAC em Ribeirão Preto.

Mais informações www.ideaonline.com.br. Inscrições pelo site e pelo telefone (016) 3211-4770.

As variedades de cana devem acompanhar as mudanças no setor sucroenergético

Nos últimos 10 anos, a agroindústria canavieira passa por grandes transformações como: o período de moagem está cada vez mais extenso, começa em março e vai até dezembro; a cultura segue em direção ao Centro-Oeste, regiões que apresentam condições edafoclimáticas diferentes das tradicionais; aumento do corte mecanizado; extinção da queima; adoção do plantio mecanizado.

Essas mudanças elevam as exigências em relação às variedades de cana, que além de eretas, ricas e produtivas, deverão brotar muito bem sob palha, tolerar ataques de cigarrinhas das raízes, resistir às doenças, tolerar a seca, responder bem em solos mais fracos e ter maior longevidade, uma vez que um dos maiores custos é o da área de reforma.

O melhoramento genético é considerado um dos principais fatores agronômicos que podem contribuir para o aumento da produtividade, permitindo desenvolver variedades que se adaptem as novas exigências. Além do uso de variedades geneticamente melhoradas, a máxima produtividade em cana-de-açúcar depende, também, de um correto planejamento de plantio e de adequado manejo das variedades, as quais devem atender a exigências tanto no campo como na indústria, para maximizar lucros.

A existência de muitas variedades é uma vantagem, embora isto torne difícil a tomada de decisão, já que requer muito mais conhecimento do produtor acerca das opções disponíveis. Para prover esses conhecimentos, o Grupo IDEA realizará a 5ª edição do Grande Encontro Sobre Variedades de Cana de Açúcar, que acontecerá nos dias 21 e 22 de setembro de 2011 no Centro de Cana do IAC em Ribeirão Preto.

Mais informações  www.ideaonline.com.br. Inscrições pelo site ou pelo telefone (016) 3211-4770.